quinta-feira, 28 de junho de 2012

Momentos de Saudade - Artigo de Anand Rao

Comecei a descobrir que estou envelhecendo pois, tenho sentido infinitas saudades de momentos passados, antigos, que compuseram minha vida. Outra coisa que tenho vivido é a partida de ídolos e amigos da minha geração, isso parece que me enfraquece, me deixa esquisito. Parece que parto um pouco quando leio ou sou informado de tais ocorrência e fico pensando: o que devo fazer para minimizar minha saudade.

Tenho utilizado alguns recursos. O primeiro é a terapia ocupacional. Sou um "worklover", trabalho muito no meu dia a dia e tenho cada vez mais me dedicado ao trabalho artístico como também à assessoria de imprensa. Um outro caminho são estes artigos que não considero desabafos, e sim, analises de sentimentos que fazem parte da vida de muitos e literalmente são artigos de opinião pois, em todos opino sobre questões diversas. Uma outra linha tem sido a observação diuturnamente dos sentimentos do mundo nas ações dos homens, e observo redações diversas no facebook, blogs e etc, que geram artigos analiticos. Enfim, observo para ser servo da palavra opinativa e informativa.

Não posso negar... Essa quantidade de ações, a vontade de iluminar e transformar lembranças como suporte para uma vida melhor não é fácil. Muitas vezes fico com os olhos marejados ao ler sobre a morte de artistas que compuseram minha adolescência. Amigos então, quando partem, parece que morro um pouquinho mas, tento sempre reverter a dor da saudade lacrimejando em ações novas.

Jovens conversam comigo, querem para seus mundos um pouco da minha experiência, e quando posso, de forma apaixonada faço relatos sobre o passado, pois, o presente só será singular se o passado for suporte para ele. Uma vida sem passado, nāo é vida, é amnésia viva. O passado se visto sob o aspecto progressista formará ações maduras e estas ações se bem aproveitadas perpetuarão uma nova atitude de vida.

A oportunidade de estar vivo e ser uma pessoa tecnologicamente ativa, provoca que os artigos sejam lidos por pessoas interessadas naquele tema e elas podem interagir com opiniões se tornando novos e eternos amigos ou amigos de ocasião. É mágico não ficar isolado e cada artigo, cada canção colocada no you tube, é comentada e admirada por quem gostou do tema. Grupos de discussão são formados. Enfim, a solidão sempre tão presente na vida dos artistas, articulistas, músicos, no mundo atual se utilizada a tecnologia com maestria não existe.

Hoje os meus olhos choram a morte de dois amigos distantes. Um mais famoso com 16 discos lançados chamado Décio Marques e outro jornalista sem fama mas, com competência chamado Alexandre Jucá. O sentimento com relação o primeiro foi de elogio à poeta Tereza Vignoli que fez um poema para Décio e postou no facebook e de raiva pelo pouco reconhecimento da mídia, divulgando com timidez, a morte de um mûsico que tinha na voz a correnteza dos rios do Brasil. O sentimento com relação à Jucá foi de lembrança e saudade pela fina ironia que compunha suas palavras sempre que o encontrei e acho que morri um pouquinho pois ele era da minha geração.

Portanto, a hora é de cuidar da saúde, cobrir muitos eventos culturais, fazer meus relatórios de mídia com atenção, tocar muito e amar infinitamente. Quero viver cada segundo que Deus me der com a intensidade que ele merece e quando for descansar de noite, adormecendo, esquecer os passos do stress traduzido num amor singular nos braços de quem me quer.

Estamos vivos, viva a vida norteada da lembrança do passado mas, impulsionada pelo viver do presente e pela esperança de um futuro vitorioso.

Que seja feita a nossa vontade.

Anand Rao
jornalista, músico e poeta
anandrao477@gmail.com