Este foi o primeiro natal da minha vida que não ganhei presentes de ninguém. Dei presentes, alegrei os outros, fiz tudo para que todos ficassem bem e ninguém me presenteou. Creio que sentem que sou um homem maduro que não precisa de qualquer tipo de afago ou carinho. Ou então, estão tão acostumados com a minha autonomia que acharam desnecessário me presentear.
Qual a sensação que tive com relação a esta atitude. Não sei, realmente não sei. Alguns dias me senti desvalorizado, outros dias respeitado. Quando não se dá presente a alguém é porque a pessoa é autonoma na íntegra, é um respeito. Mas, ao mesmo tempo é uma descortesia, uma falta de consideração.
Num debate no facebook com o músico, compositor, mago da arte de Brasília Renato Matos que afirmava que o Natal é uma festa capitalista, coloquei que era importante ver o brilho do olhar das pessoas, a alegria ao receber algo. Sinto que as pessoas que estão em minha volta, vão me presentear sim, desde que eu cumpra o ritual que a sociedade me exige enquanto pai, amigo, filho, ex, atual, mas, tenho que cumprir o ritual que a sociedade me exige, assim terei o respeito dos que me rodeiam e ganharei presentes.
Que ritual é esse. São clichês sociais. O pai deve agir assim, o ex assim, o atual assim, o amigo desta forma, o filho deste jeito e por aí vai. Como sou uma pessoa completamente diferente segundo eles mesmos dizem, alguns devem ter tido medo de me presentar, outros, presentearei se ele fizer isso, ou seja, esperavam algo para poder agir.
É tão engraçado e talvez triste fazer a reflexão de que as pessoas que têm atitudes diferentes da grande massa, terão que enfrentar os descaminhos, as críticas de serem diferentes. É bom ser diferente e ao mesmo tempo é horrível. Você está em constante questionamento, sua cabeça vive pensando, enfim, você as vezes tem que frear suas meditações para que as pessoas não te considerem excentrico demais ou coisas do gênero.
Enfim... Comemoro no ano de 2011 o natal em que não ganhei presente de ninguém. Nenhum presente me foi dado. E te informo Renato que dei presentes para ver a alegria, o brilho do olhar do outro, eu fui capitalista. E as pessoas não foram nem um pouco capitalista comigo e sim, ao não me dar presentes, deram o recado de que a excentricidade, a diferença, a atitude diferenciada, assusta e muito, principalmente, depois que atingimos um nível de maturidade que nos impõe ações comuns e aceitas pela sociedade.
Agora, com este texto, me sinto presenteado, pois, sei que o ato de pensar, de questionar, é para aqueles que querem mudar o mundo, inovar, e não que querem apenas ser aceitos como um bom amigo, ou ter atitudes comuns, ou ainda ser gentil fazendo tudo para ficar bem com todos.
Não... O meu presente foi não ter ganhado presentes e saber que todos me têm como estranho, inovador, questionador, chato, alegre mas, nunca são indiferentes a mim. Este é o meu maior presente, provoco reações com minhas ações e vivo a vida como um poeta, jornalista e músico que a cada minuto se questiona e questiona o mundo, tendo ações que considera boas com todos e gerando reações em todos.
E só me resta agradecer. Obrigado a todos pelas reações que têm com relação a mim, a indiferença seria digna de pena mas, a reação de elogio. Este é o grande presente que recebi, vocês reagiram, portanto, me elogiaram.
Anand Rao
Poeta, Jornalista e Músico
Anand,
ResponderExcluirParabéns pelo que você é e como se expressa, com o coração.
Sem preocupações e sem medo, sem receico de ser criticado, de forma expontânea e simples, autentico e sincero. Como disse o Avelar, NOSSO GURU.
Obrigado pelo presente de Natal, que nos incentiva a sermos nos mesmos.
Para você segue como presentes nosso carinho, admiração e amizade, mas presente, presente mesmo ..... Nada né?
Um grande abraço,
Ylani